segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vou bem...

I

Me pediste algumas palavras.
Querias saber como eu estava.
Emudecido ao teor das minhas amarras,
Falar a verdade, a ti, eu não ousava.

Pois que havia eu de dizer?
No meu sentimento já há teu saber.
Tudo que lhe contaria,
O nosso próprio relacionamento arriscaria.

Mas ai há de se definir
O que o pensamento me faz sentir.
E saberia realizar
Independente do que falar.

A questão é que sem saber
Já sofro por temer.
E toda alegria do meu canto
Inspira, também, meu desencanto.

II

O mal que me faz é pensar.
Pensar talvez demais.
Mas é que eu queria te alcançar,
E mais do que sou, ser eu a mais.

Pois te admiro assim.
Acredito estar acima de mim.
Dai meu medo de continuar.
Dai tal medo de tentar.

Pois que, em uma coisa e outra,
Junta-se todo meu querer.
Não de querer-te noutra,
Mas que em mim ser único o teu ter.

III

Envolto, aqui, em pensamento.
Num pensamento que há de voltar.
Creditando todo meu sentimento,
No que somente hei de pensar.

O que deveras é dor,
Transpassa a ilusão,
Do sentimento que é amor,
Uma vez que é também coração.