quinta-feira, 24 de setembro de 2015

De mim

Sinto saudade de algo,
Mas algo que não sei dizer.
É saudade se fica um espaço?
Não sei, às vezes sinto esmorecer.

Talvez seja um dia.
Sinto saudade de um dia qualquer.
Mas nem qualquer dia satisfaria,
E vira noite no não sabe o que quer.

Ainda sinto. É de alguém?
Talvez só não conheci?
Pois, sinto saudade do alguém que não vi.
Mas sem saber, nem ver.

É vida isso que me passa.
Madrugada de um dia qualquer.
Ou é noite. Não sei. Descompassa
O tempo, sem ser, sem algo, sem fé.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Reflexo Noturno

Passa verde,
Passa escuridão.
Passa luz,
Passa trovão.

Quebra-se, clara, no vidro,
Reflexo do brilho noturno.
Sem luz, desliza embora.
Sem rumo, se evapora.

O rumo se segue.
É curva e é subida.
É farol em direção oposta.
Passa-me luz, passa-me vida.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Tempo Será

Esse é um poema secreto,
Que quem vê não o pode ver.
Mas talvez tão sutil e discreto,
Que o esconderei sem lhe esconder.

É porque mesmo que o leias não o saberás.
E como um poema discreto, este poeta é mudo.
Assim, sem saber, não me velarás,
Sendo teu velo repleto em tudo.

Não o sabes nem no teu dia.
Nem em nada o há de saber.
De fato, talvez até saberia,
Se algo se fizesse fazer.

Se faz só na minha breve visão,
E é logo fuga de prisão nenhuma.
N'um leve compartilhar qualquer ambição,
Corre-se pela sala sem intenção alguma.

Intenciono um poema repleto,
Desses que falam sem precisar dizer.
Talvez, no fim, de tão discreto,
Perdeu-se sem se perder.