Esse é um poema secreto,
Que quem vê não o pode ver.
Mas talvez tão sutil e discreto,
Que o esconderei sem lhe esconder.
É porque mesmo que o leias não o saberás.
E como um poema discreto, este poeta é mudo.
Assim, sem saber, não me velarás,
Sendo teu velo repleto em tudo.
Não o sabes nem no teu dia.
Nem em nada o há de saber.
De fato, talvez até saberia,
Se algo se fizesse fazer.
Se faz só na minha breve visão,
E é logo fuga de prisão nenhuma.
N'um leve compartilhar qualquer ambição,
Corre-se pela sala sem intenção alguma.
Intenciono um poema repleto,
Desses que falam sem precisar dizer.
Talvez, no fim, de tão discreto,
Perdeu-se sem se perder.
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